Olá pessoal, desta vez vou contar
uma história que parece triste, mas que é uma grande lição de amor de uma
pessoa de um coração maior que ela pelo seu amiguinho. O nome dela era Tay.
O Tay era um dos cachorrinhos que
a amiga do meu tutor, Helena cuidava dentro de um terreno baldio perto na nossa
casa.
Ele morava lá junto com a sua
amiga Princesa, dois belos Vira-Latas pretos básicos, muito simpáticos.
O meu tutor ficou conhecendo eles,
porque toda vez que passávamos pelo local, onde hoje é um conjunto de sobrados
inacabados, estavam no portãozinho e meu tutor sempre brincava com eles, pois
eram muito mansinhos.
Algumas vezes, o meu pai ajudava
a Helena levando um deles para passear, para que pudessem se exercitar nas
ruas, se bem que sinceramente não sei se era preciso, pois o terreno onde
moravam tinha um belo espaço para correrem e brincarem. Dava um 10 quintais
como os da minha casa. Vai aí uma pontinha de ciúmes.
Tudo corria bem até que o terreno
em que eles moravam foi vendido e o novo proprietário pediu para que a Helena
retirasse os meus amiguinhos de lá o mais rápido possível, pois iria construir
ali, como de fato o fez, o conjunto de sobrados.
Começou então uma luta desesperada
para se encontrar um local para aqueles dois viras, até que uma industrial se
ofereceu para abrigá-los na sua empresa. Sem outra alternativa, a Helena
concordou e com o coração apertado levou os dois para lá. Seria mais difícil
ver os bichinhos, fora a possibilidade palpável de serem adotados e se
distanciarem definitivamente.
Mas, e tem sempre um mas, as
coisas não saíram conforme o planejado. Depois de alguns dias hospedados lá, o
Tay começou a ficar doente, quando a Helena foi chama e sem pensar duas vezes
trouxe os dois de volta para o terreno.
Após a piora do meu amiguinho a
Helena levou-o à Tia Nícea, quando ficou sabendo que ela tinha pegado aquela
doença terrível que vai nos matando aos poucos, chamada Cinomose.
Aí começou a luta da Helena para
cuidar do Tay, que graças a Deus contou com o carinho e a boa vontade do meu
pai que a ajudou bastante pois ele gosta muito da Helena.
Por várias vezes, no horário do
almoço, meu pai ia até a casa dela e pegava a comida que a mãe da Helena preparava
e levava para o Tay e a Princesa comerem. A Princesa comia numa boa, mas o Tay,
devido à evolução da doença, cada vez queria comer menos. A comida era dada com
as mãos, levada à boca dele, mas cada dia ele queria menos se alimentar. Sem
falar na perda dos movimentos que era cada vez mais rápida e maior.
O meu pai ficava muito triste,
pois achava difícil ver um animal outrora tão ativo e brincalhão, ir se
entregando aos poucos para um final inevitável.
Depois de certo tempo, devido à
falta de alimentação, o Tay foi ficando muito fraco, precisando então ser
medicado. A partir daí, meu pai, além de alimentá-lo na hora do almoço, o
pegava no colo e debaixo de sol ou de chuva o carregava, mesmo infartado, até a
Tia Nícea, pois o Tay não conseguia mais andar.
Por seu lado a Helena sofria
muito por ficar presa ao serviço sem poder dar a devida atenção para aquele
amigo tão especial. Certa vez meu pai até brigou com uma das funcionárias da
clínica por tratar mal a Helena em virtude do Tay lá permanecer muitas vezes
chorando.
Lá na Clínica Pet Family ele
ficava a tarde toda até que a Helena o apanhava no final do dia, quando voltava
do serviço e o levava de volta para o terreno onde ele dormia. Para esclarecer,
o local onde ele passava as noites junto com a Princesa era muito bom, pois era
coberto, espaçoso e forrado, protegido do sol e da chuva.
Com o passar do tempo o Tay
começou a chorar muito à noite o que levou a Helena a levá-lo para casa e
dormir com ele na garagem.
Certa ocasião, meu pai estava no
trabalho, que era perto da nossa casa, quando por volta das 9:30 h da manhã,
apareceu no balcão o irmão da Helena, que nós nem imaginamos o nome e, muito
estupidamente, intimou o meu pai a ir até a casa dele para tirar o Tay de lá
pois a mãe dele não dava conta de cuidar do cachorrinho e ele estava chorando
demais.
Realmente a mãe da Helena, uma
senhora muito simpática, já não gozava de boa saúde, mas aquela atitude não se
justificava. Lá foi meu pai, apanhou o Tay todo molhado de xixi e com ele no
colo pegou uma “carona” com aquele sujeito até a clínica. Pelo Tay, pela Helena,
pela mãe dela ele não pensou duas vezes.
Até que o inevitável aconteceu. O
triste momento que um tutor amoroso tanto teme. O momento de junto com a
Veterinária decidir sobre a eutanásia.
E realmente não teve jeito e essa
hora chegou. Mas para falar sobre ela, prefiro copiar abaixo o “recado” que meu
pai recebeu numa tarde na ASSEAMA onde me levava para tratamento espiritual e
publicado, na época no site www.webanimal.com.br:
“Pelo que me lembro, minha
historia começou a alguns anos atrás, mais ou menos cinco, quando fui abandonado
juntamente com minha irmãzinha em um terreno baldio em Guarulhos - SP. Até
aquele dia eu fazia parte de uma pequena "matilha" de pais e filhotes
e, sem que nem porque, de repente me vi sozinho, todos tinham ido embora, me
deixando para trás. Muito compadecida, uma moça passou a cuidar de mim e minha
irmã. Ela me batizou de Tayson e minha "mana" de Princesa. Com muita
dificuldade e dedicação fui alimentado, tratado e recebi muito carinho dessa
pessoa que hoje considero minha mãe. Depois de alguns anos, o dono do tal
terreno passou a pedir que o desocupássemos, pois ali seriam construídos alguns
sobrados. Aí começou a maior luta da minha tutora na tentativa de nos arrumar
uma família que nos adotassem em definitivo. Mas era difícil, pois além de
sermos grandes, tínhamos que ser adotados juntos, já que fatalmente morreríamos
se nos separassem, eu de minha irmã. Até que apareceu uma indústria que se
prontifiou a nos deixar ficar por lá algum tempo até que arranjássemos um lar
definitivo. Tinham boas instalações como canis e gente para tratar de nós e dos
cães que lá já estavam. Após alguns dias lá, infelizmente peguei uma doença que
é um verdadeiro pesadelo para os cães e seus donos. A Cinomose. Minha mãe,
assim que soube que eu não estava bem, foi me buscar juntamente com a Princesa
e nos trouxe de volta para o terreno. Mas infelizmente eu já não tinha cura.
Fui perdendo gradativamente os movimentos das patas traseiras, das dianteiras,
o controle do meu pescoço e finalmente a visão, além de um começo de pneumonia.
Ela lutou bastante juntamente com amigos e duas ótimas Veterinárias para tentar
me slvar. Me carregou quase que diariamente por quase 4 quarteirões até a
Clínica, no colo na vã tentativa de me salvar. Nas últimas semanas dormiu
comigo na garagem da casa dela para não me deixar só, inclusive no Natal e no
Revelion. Outro amigo, por quem também tenho muito carinho, também cuidou de
mim debaixo de sol ou de chuva. Mas infelizmente nada adiantou. Até que chegou
o dia em que ela, com muita dor no coração, decidiu pela eutanásia. Mãe, eu
queria apenas lhe dizer que essa foi uma das decisões mais acertadas que você
tomou na vida. Naquele momento em que dormi no seu colo, eu já tinha ido embora
e, tenha certeza que nada senti, além de uma imensa paz e carinho de sua parte.
Muito obrigado por aliviar o meu sofrimento, que já tinha ultrapassado o limite
do insuportável. Hoje estou bem, me recuperando e na companhia de muitos outros
animaizinhos que deixaram o plano terrestre, num lugar lindo e cheio de amor.
Muito obrigado mamãe por tudo que você fez por mim. Foram os melhores anos de
minha vida eterna. Muitas lambidas para você, para a "Thesa" e para
os seus amigos.
Tay “
Pode parecer repetitivo, mas é o
melhor jeito de expressar as emoções daquele momento que nem meu pai e nem eu
presenciamos e que deve ter sido muito duro.
Para completar esta historinha,
eu fiz uma “entrevista” com a Helena e pedi para ela contar alguns dos momentos
legais que ela tenha vivido com aquele garotão. Então aí vai o depoimento dela:
“Uma
passagem engraçada que jamais vou esquecer, foi quando o Tay descobriu que
"podia pular o muro"!!!!
Eu achei que se colocasse alguns obstáculos
tipo, tábuas, e tudo o mais que eu encontrasse naquele
terreno, isso o impediria de pular, MAS... "meu anjo" era
muito esperto e inteligente.
Enquanto eu ficava me matando, procurando as
coisas, tendo um trabalho enorme para "cercar" o muro, o
Tay ficava deitadinho, só olhando, observando de longe, e com certeza
já "planejando" como pular.
E sabe o que ele fazia? Cruzava as patinhas uma
em cima da outra e me olhava com uma cara que dizia: "Não vai
adiantar" .
Quando eu terminava, tinha que fazer o
"teste" então eu chamava: "TAY, VEM PULA" !
Ele ia do outro lado do terreno, pegava
impulso e pulava!!! Por incrível que pareça, enquanto ele me observava, ele já
tinha encontrado uma brecha!!! Pode??????
Outra travessura que ele adorava, era correr na
chuva no terreno e quando eu ia lá, pulava e se chacoalhava todo em cima de
mim, FAZIA DE PROPÓSITO!!!! KKKKKKK
Ele também tinha um brinquedo que era a cabeça
de uma boneca, ele adorara aquilo, mas escondia da Tchesa, e toda vez que eu ia
lá ele ia correndo pegar e jogava no meu pé para eu brincar com ele, quando eu
ia embora ele escondia de novo (enterrava).
Ah... Zeus, foram tantos momentos lindos.... não
consigo mais... já estou chorando.
TAY faz parte de mim.... não sei explicar
isso direito, mas ele é especial, alguma coisa nele era diferente.”
Só para esclarecer, a Tchesa se
mudou para uma bela chácara no interior onde vive feliz até hoje praticando
mergulho num belo lago além de outras peripécias.
Bom gente, por enquanto é só.
Obrigado Helena pela entrevista e se faltou algo me perdoe, mas a homenagem é
sincera. O Tay marcou muito as nossas vidas também.
Zeus